PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE AMOR
Pra não dizer que não falei de amor
despojei-me de todas as medidas,
encarei sem receio a própria vida,
sanei no verso torto qualquer dor;
busquei lembrar do brilho dos teus olhos,
do toque morno da língua em tua boca,
do teu corpo úmido, nú, sem roupa,
do teu regaço onde me recolho;
joguei por terra a vã filosofia,
transpus em noite quente a tarde fria;
transformei profundo abismo em ponte,
fiz do firmamento novo horizonte,
pra não dizer que não falei de amor...
Clóvis Campêlo
Recife, 2007
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