domingo, 2 de dezembro de 2007

Poesia/Música

As divisões foram minhas, pois não achei na net uma divisão em que tivesse confiança...

Geni e o Zepelim
Chico Buarque/1977-1978
Para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarque

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co'os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo - Mudei de idéia
- Quando vi nesta cidade
- Tanto horror e iniqüidade
- Resolvi tudo explodir
- Mas posso evitar o drama
- Se aquela formosa dama
- Esta noite me servir

Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Poesia

Esse poema é bem famoso - na verdade, a parte em negrito dele - e foi tipo um hino nos estertores finais da Ditadura Militar última em nosso Brasil. Mas se aplica a todos os tempos...

NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI
Eduardo Alves da Costa

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.


Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

domingo, 14 de outubro de 2007

Cosplay


Um exemplo de cosplay de Sailor Moon, intitulado "como não fazer um cosplay"... Mas eu gostei!!!!
Algumas palavras sobre cosplay da Wikipédia (desconsidere os erros de português...):
"Cosplay abreviação de 'costume player' (Fantasia em inglês) é uma atividade que surgiu nos Estados Unidos da América em convenções de quadrinhos na decada de 70, quando fizeram uma promoção onde as pessoas com fantasias de Super-herois entrariam de graça. Com o passar do tempo foi se tornando uma tradição e um habito que se espalhou por todos os tipos de convenções envolvendo series ou personagens, principalmente as de "Jornada nas estrelas"Star Trek e 'Guerra nas estrelas' Star Wars, aonde as pessoas fantasiadas se tornaram a principal atração com concursos de fantasia e interpretação de cenas dos filmes ou episodios revelando talentos de nivel profissional. Ra rapidamente se espalhou pelo mundo todo, chegando na na Comiket, famosa convenção realizada há anos no Japão aonde o termo se popularizou e se espalhou especialmente em eventos e encontros de anime, mangá e videogames, respectivamente as animações e quadrinhos japoneses."

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Não virei um chato politicamente correto, incapaz de fazer uma escolha pessoal em detrimento de uma com vantagens para a coletividade... ainda bem.

Ontem, em meu trabalho, rolou uma escolha entre dois filmes para ser um exibido para todos os empregados, sobre o tema "assédio sexual". Um seríssimo, "Terra Fria", e outro divertidíssimo, "O Diabo Veste Prada".

Pensei, pensei, pensei... sobre o tema em questão, qual seria o mais apropriado? O que fala sobre uma mulher que trabalha numa mina e vai contra tudo e todos para denunciar o assédio sofrido pelas mineradoras (Terra Fria) ou o que fala de uma garota que arruma emprego numa revista de moda e sofre nas mãos de sua editora, tudo num tom divertido e bem comédia (O Diabo Veste Prada)? Qual passa uma super lição, encoraja as pessoas vítimas de assédio a agirem? Para as perguntas, a resposta seria "Terra Fria"... Mas qual escolhi? "O Diabo Veste Prada", porque é divertido, é cool, é fashion e eu quero assisti-lo de novo, sem ter que locar...
Escolha pessoal em detrimento do coletivo? SIM! Um pequeno mal-estar por fazê-lo? SIM! Vou me divertir pouco assistindo o filme, caso ele seja o escolhido? CLARO QUE NÃO!!!!!!!

É, nem sempre a gente tem que ser aquele ativista, pronto para abarcar todas as boas causas, não é? Às vezes, o que importa mesmo é ser feliz, nem que seja por cerca de duas horas...

See ya, space cowboy!!!

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Ne Me Quitte Pas - Maysa



É de arrepiar msm esta música, na voz do Maysa...
Achei um vídeo com legenda em português, mas como odeio tradução... E também tava um poquinho fora de sincronismo... CURTAM!!!!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Manchete de Jornal I

HEPATITE VIRAL FEZ 649,5 VÍTIMAS EM DOIS ANOS

Jornal da Paraíba, 2 de outubro de 2007

Eu sei muito bem que manchete tem que ser econômica, mas... parece que meia pessoa morreu de hepatite, além de 649 pessoas inteiras...
Na verdade, esta foi a média... Lendo a reportagem, compreende-se isso logo. Mas custava nada melhorar um pouco a manchete?!?!?!?!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Letra de Música - Poema (Cazuza)

Poema
Cazuza/frejat

Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com seu carinho
E lembrei de um tempo...

Porque o passado me traz uma lembrança
De um tempo em que era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via um infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim (que não tem fim)

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é
iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Yahoo Notícias: "Smiley" completa 25 anos espalhando sorrisos pela rede

Céline Aemisegger Washington, 19 set (EFE) - Sorriso de orelha a orelha, fictício, mas universal: É o "Smiley" :-), o primeiro e mais famoso "emoticon" da história, que completa hoje 25 anos.
O onipresente rosto sorridente festeja seus 25 anos em grande estilo onde "nasceu", na Universidade Carnegie Mellon, de Pittsburg (Pensilvânia). E sorrindo, é claro.
Não é para menos. O ícone revolucionou a comunicação não verbal no ciberespaço. O pequeno "Smiley" conseguiu vencer as limitações da comunicação textual.
Com a capacidade de transmitir expressões faciais usando apenas sinais de pontuação (dois pontos, hífen e parêntese), o "Smiley" provavelmente já evitou algum mal-estar injustificado entre internautas.
O criador do "emoticon" é Scott E. Fahlman, professor de pesquisa da Universidade Carnegie Mellon. Nos últimos dias tem sido difícil para ele se dedicar a suas paixões, a inteligência artificial e suas aplicações na informática. Os telefonemas e congratulações não param de chegar no seu escritório, em Pittsburg.
Fahlman tinha 34 anos quando inventou o "emoticon" e quase ninguém utilizava computadores na época. Menos pessoas ainda enviavam mensagens. Mas a Universidade Carnegie Mellon já era uma fábrica de inovações e de longas conversas eletrônicas.
O :-) nasceu assim: mensagens fluorescentes com caracteres em laranja ou verde eram usadas constantemente nos boletins internos da universidade, freqüentados tanto por alunos como por professores.
Entre comunicados oficiais, perguntas científicas e conteúdos mais extensos, alguém enviou uma brincadeira sobre uma suposta contaminação num elevador. A mensagem gerou um grande debate sobre o limite do humor na rede e como marcar os comentários divertidos para que ninguém os levasse a sério.
Fahlman, que era professor da Universidade de Carnegie Mellon há poucos anos, enviou sua resposta com o seguinte conteúdo: "Proponho a seguinte seqüência de caracteres para os brincalhões: :-)", escreveu. "Lida de lado", acrescentou.
A mensagem foi enviada ao boletim eletrônico em 19 de setembro de 1982, às 11h44 da manhã. Assim nascia o "Smiley", há exatamente 25 anos.
Na mesma mensagem, Fahlman propôs a utilização de ":-(" para as mensagens sérias. O sinal em breve se transformou em forma de expressar frustração, tristeza ou desagrado.
A proposta do professor foi aceita com grande entusiasmo por alunos e funcionários da Universidade de Carnegie Mellon. O "Smiley" se espalhou rapidamente por outras instituições de ensino secundário e fóruns através da rede, então rudimentar.
Em poucos meses apareceram novas expressões: o boquiaberto ":-O" e a piscada de olho ";-)". Um novo hobby foi criado entre os cibernautas.
Infelizmente, Fahlman não guardou uma cópia daquela mensagem de setembro. Ele mesmo, na época, não deu importância à invenção.
No entanto, com o tempo ele se deu conta de que o fenômeno não seria apenas uma moda passageira, mas que duraria, se expandiria por todo o mundo e no mesmo ritmo que a Internet, que entrava em cada vez mais lares.
Durante anos o "Smiley" original esteve perdido. Mas há cinco anos um colega da Universidade Carnegie Mellon, Jeff Baird, encontrou a mensagem com outros três amigos, fazendo um "esforço heróico" e bem a tempo de celebrar o 20º aniversário, segundo conta o próprio Fahlman em seu site.
Fahlman disse à agência Efe que, apesar dos anos, ele continua espantado com o sucesso da sua invenção. O professor, que vive com a sua mulher no campus da Universidade, vê com orgulho e fascinação como uma pequena imagem criada em 10 minutos se transformou em algo que se estendeu a todo o mundo.
Fahlman nunca recebeu dinheiro pela invenção, que milhões de internautas utilizam a cada dia. Mas aceita a situação. "É meu pequeno presente para o mundo", diz.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Letra de Música - Carne e Osso (Zélia Duncan)

A alegria do pecado
Às vezes toma conta de mim
E é tão bom não ser divina
Me cobrir de humanidade me fascina
E me aproxima do céu


E eu gosto
De estar na terra
Cada vez mais
Minha boca se abre e espera
O direito ainda que profano
Do mundo ser sempre mais humano


Perfeição demais
Me agita os instintos
Quem se diz muito perfeito
Na certa encontrou um jeito insosso
Pra não ser de carne e osso
Pra não ser carne e osso

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Pegah Emambakhsh

Pegah Emambakhsh é uma mulher iraniana de 40 anos. Lésbica, fugiu de seu paía e de um casamento arranjado pela sua família. Fugiu, à primeira vista acertadamente, pro Reino Unidoa e lá pediu asilo. Foi negado. Consequência: extradição para o Irã. Consequência: possível morte por apedrejamento no Irã!
Estranho o fato da negativa do asilo e determinação da extradição para um país em que ela pode significar a morte por um crime que nem é crime no Reino Unido... Para muito e para este que vos escreve, uma decepção com a Inglaterra, terra da origem das liberdades civis...
Mas a Itália entrou no jogo e, segundo soube, concedeu asilo a ela. Engraçado, isso me surpeendeu, pois não imaginava que a Itália, com o governo daquele Prodi iria fazer isso... Engano meu: ela o fez. E a iraniana está salva da pena capital em seu país! Ponto para a Itália e ponto para o mundo como um lugar que parece caminhar (em várias de suas partes) para ser um lugar muito melhor para se viver!!!!
Mas este caso não é o único... Soube de pelo menos mais um, de outra mulher que está para ser extraditada pela Alemanha e corre os mesmos riscos... Sei que isto pode parecer infração ao princípio da autodeterminação dos povos, mas uma coisa é invadir um país ou criar sanções contra ele por apresentar condutas "culturais" consideradas bárbaras por nós e outra coisa é entregar uma pessoa para um país onde ela será alvo destas práticas "bárbaras"...

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Dawn of a new era?!


Adorei esta foto... na verdade, gostei msm do jeito (ou trejeito) da minha mão com a pulseira feita por um amigo meu... me pareceu, quando eu vi, sei lá, um símbolo de um novo tempo, pós-faculdade, mas também pós dúvidas de pelo que quero batalhar... Quis aproveitar esta época de início de uma nova etapa para fazer algumas mudanças, mas parece que as mudanças me atropelaram... nem sei se escolhi direito (olha o trocadilho barato)...
Só sei que decidi mais ainda ser eu mesmo, radical muitas (e necessárias, na minha opinião) vezes... acho que adquiri mais condições de luta, uma graduação em Direito parece que legitima a pessoa a lutar mais pelos seus direitos e os dos outros pois, como na frase clássica de Homem-Aranha: "With great powers come great responsabilities..."
O conhecimento das coisas agrega poder e, portanto, responsabilidade... Se antes já me sentia mal por ficar quieto no meu canto, este incômodo aumentou muito mais... E só existem duas maneiras de resolver o incômodo: ignorá-lo ou agir para que ele não mais tenha razão de ser... I've chosen the second option...
Desculpem pelas frases em inglês mas... o blog é meu e adoro colocar frase em outras línguas... Pra quem não sabe, adoro estudar linguagens e tenho um plano B de cursar Letras algum dia...

E como eu punha no final dos posts no meu blog anterior...
See ya, space cowboy!

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Piada (atenção: religiosa...)

Recebi essa de um amigo... Não me lembro das palavras exatas, mas posso recontar mais ou menos do mesmo jeito...

Uma garota, filha de evangélicos, estava viciada no Orkut e nada de querer ir à igreja. Para resolver isso, os pais a proibiram de usar a internet e a "enfiaram" na igreja para assistir a um culto. Durante o culto, como de praxe, o Pastor a indagou se ela aceitaria a Jesus. A resposta veio rápida e certeira:
- Só se ele dexar um scrap!!!

ahauahuahauhauhauahuahauhauahuahauhauahuahauhauha

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Pior redação em romance em língua inglesa...

O escritor (será?!?!?!) Jim Gleeson venceu um concurso realizado anualmente para identificar a pior abertura de um romance em língua inglesa... Veja só a tradução do que foi escrito por ele (olhem o tamanho do aposto!!!!):
"Gerald começou - mas foi interrompido por um assobio cortante que custou a ele 10% de sua audição permanente, como aconteceu a todo mundo num raio de 10 milhas da erupção, não que isso importasse muito porque para eles 'permanente' significava os próximos dez minutos ou até eles serem enterrados pela lava ou sufocados pelas cinzas - a mijar."

E eu que achava que meus apostos eram grandes...

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Provérbios antigos I

"So se encontra o que se procura; e só se procura o que se conhece..."
Antigo provérbio da Semiologia

Fonte: meu amigo Marcos.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Advogado por reação!

A busca pelos princípios básicos do direito romano (honestere vivere, alterum non laedere e suum cuique tribuere) vivem fortemente dentro de muitos de nós, como dentro deste advogado cujo perfil merece destaque:

"Aos 15 anos, quando ainda morava em Sant'Ana do Livramento, circulava pelas ruas da cidade num dia de carnaval. Ao ver uma grande confusão na Delegacia de Polícia, resolveu entrar e verificar o que estava acontecendo. A Polícia havia prendido várias pessoas que estavam nas ruas sem documentos. Pedro acabou discutindo com o delegadoe preso também. Sua mãe teve que ir buscá-lo, e ele, inconformado, resolveu ser advogado para que ninguém mais pudesse prendê-lo de forma arbitrária."

domingo, 29 de julho de 2007

Gato detector de morte próxima!!!!

O gato Oscar, que visita os pacientes numa clínica nos EUA pouco antes de sua morte! O felino costuma acertar sempre!!!!! Vate retro, bichano!!!!

terça-feira, 17 de julho de 2007

Imagem encontrada na net...


Achei interessante esta imagem encontrada numa página do Orkut... como sempre, as pessoas procuram maneiras de justificar suas direfenças, subterfúgios para não se sentirem excluídas, para se sentirem especiais e para convencerem os outros que as respeitem... Não basta um "me respeite porque sou ser humano e sujeito de direitos e deveres como qualquer outro". Na verdade, não há necessidade de justificação sobrenatural para as nossas diferenças, uma vez que somos o que somos e, desde que isto não prejudique os outros, não há porque mudarmos. Cada um tem o direito garantido de tentar e ser feliz! De sentir-se digno como qualquer outro, apesar das diferenças! Não precisamos de justificativas ideológicas para explicarmos porque somos assim: somos o que somos e ponto!

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Frase do dia!!!

Frase de Marcos Tavares, na sua coluna Pão & Circo, do Jornal da Paraíba:

"Montanhas - Não tenho notícia de nenhuma montanha removida pela fé."

http://jornaldaparaiba.globo.com/

Mais poesia: recomendação do meu amigo e mestre Dr. João Bosco


TABACARIA

Fernando Pessoa

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),

Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,

Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres

Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens.
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,

E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,

E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo

À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.


Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,

Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira.

Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!

E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento

Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu ,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,

Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.

Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...

Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo.
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando.
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -

Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,

Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
0 mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.

Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.

Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;

Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;

Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num paço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
0 seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.


(Come chocolates, pequena; Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!

Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,

Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro

A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.


(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,

Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,

Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.

Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.

Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,

Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,

E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.


Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
0 dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,

Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário

Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça

Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada

E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.

Ele deixará a tabuleta, eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,

E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra ,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,

E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los

E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,

E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações

E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.

Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira

Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou á janela.

0 homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.

(0 Dono da Tabacaria chegou á porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da tabacaria sorriu.

In Pessoa, F. (1981): Obra Poética, Rio de Janeiro: Ed. Aguilar.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Mais produção literária alheia!


Terça-feira gorda

Caio Fernando de Abreu

De repente ele começou a sambar bonito e veio vindo para mim. Me olhava nos olhos quase sorrindo, uma ruga tensa entre as sobrancelhas, pedindo confirmação. Confirmei, quase sorrindo também, a boca gosmenta de tanta cerveja morna, vodca com coca-cola, uísque nacional, gostos que eu nem identificava mais, passando de mão em mão dentro dos copos de plástico. Usava uma tanga vermelha e branca, Xangô, pensei, Iansã com purpurina na cara, Oxaguiã segurando a espada no braço levantado, Ogum Beira-Mar sambando bonito e bandido. Um movimento que descia feito onda dos quadris pelas coxas, até os pés, ondulado, então olhava para baixo e o movimento subia outra vez, onda ao contrário, voltando pela cintura até os ombros. Era então que sacudia a cabeça olhando para mim, cada vez mais perto.

Eu estava todo suado. Todos estavam suados, mas eu não via mais ninguém além dele. Eu já o tinha visto antes, não ali. Fazia tempo, não sabia onde. Eu tinha andado por muitos lugares. Ele tinha um jeito de quem também tinha andado por muitos lugares. Num desses lugares, quem sabe. Aqui, ali. Mas não lembraríamos antes de falar, talvez também nem depois. Só que não havia palavras. havia o movimento, a dança, o suor, os corpos meu e dele se aproximando mornos, sem querer mais nada além daquele chegar cada vez mais perto.

Na minha frente, ficamos nos olhando. Eu também dançava agora, acompanhando o movimento dele. Assim: quadris, coxas, pés, onda que desce, olhar para baixo, voltando pela cintura até os ombros, onda que sobe, então sacudir os cabelos molhados, levantar a cabeça e encarar sorrindo. Ele encostou o peito suado no meu. Tínhamos pêlos, os dois. Os pêlos molhados se misturavam. Ele estendeu a mão aberta, passou no meu rosto, falou qualquer coisa. O quê, perguntei. Você é gostoso, ele disse. E não parecia bicha nem nada: apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o meu, que por acaso era de homem também. Eu estendi a mão aberta, passei no rosto dele, falei qualquer coisa. O quê, perguntou. Você é gostoso, eu disse. Eu era apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o dele, que por acaso era de homem também.

Eu queria aquele corpo de homem sambando suado bonito ali na minha frente. Quero você, ele disse. Eu disse quero você também. Mas quero agora já neste instante imediato, ele disse e eu repeti quase ao mesmo tempo também, também eu quero. Sorriu mais largo, uns dentes claros. Passou a mão pela minha barriga. Passei a mão pela barriga dele. Apertou, apertamos. As nossas carnes duras tinham pêlos na superfície e músculos sob as peles morenas de sol. Ai-ai, alguém falou em falsete, olha as loucas, e foi embora. Em volta, olhavam.

Entreaberta, a boca dele veio se aproximando da minha. Parecia um figo maduro quando a gente faz com a ponta da faca uma cruz na extremidade mais redonda e rasga devagar a polpa, revelando o interior rosado cheio de grãos. Você sabia, eu falei, que o figo não é uma fruta mas uma flor que abre pra dentro. O quê, ele gritou. O figo, repeti, o figo é uma flor. Mas não tinha importância. Ele enfiou a mão dentro da sunga, tirou duas bolinhas num envelope metálico. Tomou uma e me estendeu a outra. Não, eu disse, eu quero minha lucidez de qualquer jeito. Mas estava completamente louco. E queria, como queria aquela bolinha química quente vinda direto do meio dos pentelhos dele. Estendi a língua, engoli. Nos empurravam em volta, tentei protegê-lo com meu corpo, mas ai-ai repetiam empurrando, olha as loucas, vamos embora daqui, ele disse. E fomos saindo colados pelo meio do salão, a purpurina da cara dele cintilando no meio dos gritos.

Veados, a gente ainda ouviu, recebendo na cara o vento frio do mar. A música era só um tumtumtum de pés e tambores batendo. Eu olhei para cima e mostrei olha lá as Plêiades, só o que eu sabia ver, que nem raquete de tênis suspensa no céu. Você vai pegar um resfriado, ele falou com a mão no meu ombro. Foi então que percebi que não usávamos máscara. Lembrei que tinha lido em algum lugar que a dor é a única emoção que não usa máscara. Não sentíamos dor, mas aquela emoção daquela hora ali sobre nós, eu nem sei se era alegria, também não usava máscara. Então pensei devagar que era proibido ou perigoso não usar máscara, ainda mais no Carnaval.

A mão dele apertou meu ombro. Minha mão apertou a cintura dele. sentado na areia, ele tirou da sunga mágica um pequeno envelope, um espelho redondo, uma gilette. Bateu quatro carreiras, cheirou duas, me estendeu a nota enroladinha de cem. Cheirei fundo, uma em cada narina. Lambeu o vidro, molhei as gengivas. Joga o espelho no mar pra Iemanjá, me disse. O espelho brilhou rodando no ar, e enquanto acompanhava o vôo fiquei com medo de olhar outra vez para ele. Porque se você pisca, quando torna a abrir os olhos o lindo pode ficar feio. Ou vice-versa. Olha pra mim, ele pediu. E eu olhei.

Brilhávamos, os dois, nos olhando sobre a areia. Te conheço de algum lugar, cara, ele disse, mas acho que é da minha cabeça mesmo. Não tem importância, eu falei. Ele falou não fale, depois me abraçou forte. Bem de perto, olhei a cara dele, que olhada assim não era bonita nem feia: de poros e pêlos, uma cara de verdade olhando bem de perto a cara de verdade que era a minha. A língua dele lambeu meu pescoço, minha língua entrou na orelha dele, depois se misturaram molhadas. Feito dois figos maduros apertados um contra o outro, as sementes vermelhas chocando-se com um ruído de dente contra dente.

Tiramos as roupas um do outro, depois rolamos na areia. Não vou perguntar teu nome, nem tua idade, teu telefone, teu signo ou endereço, ele disse. O mamilo duro dele na minha boca, a cabeça dura do meu pau dentro da mão dele. O que você mentir eu acredito, eu disse, que nem na marcha antiga de Carnaval. A gente foi rolando até onde as ondas quebravam para que a água lavasse e levasse o suor e a areia e apurpurina dos nossos corpos. A gente se apertou um conta o outro. A gente queria ficar apertado assim porque nos completávamos desse jeito, o corpo de um sendo a metade perdida do corpo do outro. Tão simples, tão clássico. A gente se afastou um pouco, só para ver melhor como eram bonitos nossos corpos nus de homens estendidos um ao lado do outro, iluminados pela fodforescência das ondas do mar. Plâncton, ele disse, é um bicho que brilha quando faz amor.

E brilhamos.

Mas vieram vindo, então, e eram muitos. Foge, gritei, estendendo o braço. Minha mão agarrou um espaço vazio. O pontapé nas costas fez com que me levantasse. Ele ficou no chão. Estavam todos em volta. Ai-ai, gritavam, olha as loucas. Olhando para baixo, vi os olhos dele muito abertos e sem nenhuma culpa entre as outras caras dos homens. A boca molhada afundando no meio duma massa escura, o brilho de um dente caído na areia. Quis tomá-lo pela mão, protegê-lo com meu corpo, mas sem querer estava sozinho e nu correndo pela areia molhada, os outros todos em volta, muito próximos.

Fechando os olhos então, como um filme contra as pálpebras, eu conseguia ver três imagens se sobrepondo. Primeiro o corpo suado dele, sambando, vindo em minha direção. Depois as Plêiades, feito uma raquete de tênis suspensa no céu lá em cima. E finalmente a queda lenta de um figo muito maduro, até esborrachar-se contra o chão em mil pedaços sangrentos.

domingo, 8 de julho de 2007

Domingo de manhã bem cedo...


De manhã bem cedo de um domingo... depois de uma longa noite e madrugada... que, por sua vez, seguiram um dia quase todo dormindo devido a uma ótima noite de paz, vinho, música, boa companhia e muito carinho... Sem preço, com certeza!!!!
Monografia cada vez mais perto de ficar pronta... uma humilde contribuição à causa (para o Sindicato ahuahauahua), um primeiro passo rumo à luta pelos direitos negados!!!! X-Men unidos também pelos Morlocks!!! Eles devem sair dos túneis e do sub-mundo e virem para a superfície, lugar onde todos os seres humanos, por mais diferentes que sejam, devem brilhar!!!!!
Assim que concluída a mono, espero disponibilizá-la aqui na net... "Homossexualidade, Legislação e Jurisprudência no Pós 1988", este é o tema! A luta: por direitos iguais, pela livre expressão da sexualidade, pelo fim dos dogmas absolutistas que não visam à felicidade humana, mas seguir antigos cânones duma civilização há muito perdida e que não era caracterizada pela plenitude e felicidades humanas, mas por uma obediência cega a um deus muito humano nos seus defeitos... Que os seus relatos possam brevemente ser chamados de mitologia... Venceremos!!!! Como diz a célebre música, o hino gay: I Will Survive!!!!!!

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Poesia

A QUIETUDE TUDO SANA

A quietude tudo sana
nem que movimento seja
a vida que a gente veja,
a visão que nos engana.

Entre a ilusão e o real,
instituem-se conceitos,
alguns, na razão perfeitos,
outros, mentira ideal.

No entanto, prossegue a vida
por ambos abastecida,
indiferente e fatal,

pois dentro do movimento
que seduz ao pensamento
viaja a morte, afinal.
Clóvis Campêlo
Recife, 1992

terça-feira, 3 de julho de 2007

Poesia

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE AMOR

Pra não dizer que não falei de amor
despojei-me de todas as medidas,
encarei sem receio a própria vida,
sanei no verso torto qualquer dor;

busquei lembrar do brilho dos teus olhos,
do toque morno da língua em tua boca,
do teu corpo úmido, nú, sem roupa,
do teu regaço onde me recolho;

joguei por terra a vã filosofia,
transpus em noite quente a tarde fria;

transformei profundo abismo em ponte,
fiz do firmamento novo horizonte,

pra não dizer que não falei de amor...

Clóvis Campêlo
Recife, 2007

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Links interessantes: manifesto contra HOMOFOBIA e a favor do PLC 122/2006

Alguns links interessantes:
Site da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais - Aqui você encontra E-camapnha 1, link para o texto do PLC 122/2006, um manifesto e uma moção de apoio ao projeto
Texto integral da Lei Estadual no. 7.309, de 10 de janeiro de 2003, que proíbe a discriminação por orientação sexual.
Decreto que regulamenta a Lei no. 7.309/2003 (site da ABGLT)

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Evangélicos de prontidão contra o Projeto de Lei da Câmara 122/2006, que criminaliza a homofobia!

Termos que reagir... Vejam este manifesto!!!!! Vamos nos informar sobre o projeto de lei e informar às pessoas que abominam a discrimanção e o totalitarismo sonhado pelas igrejas que querem impor sua ideologia ao mundo... À primeira vista, o projeto parece ser pesado... Mas com alguma análise, percebe-se que é similar ao preconceito por raça (coisa que na verdade nem existe, pois somos todos mestiços), que mudou muita coisa!!! Quem tem da minha idade pra lá deve se lembrar muito bem que era corriqueiro contar piadas racistas, que passavam até na televisão!! Hoje, quem conta costuma ser censurado pelos demais e pode até passar uma temporada da cadeia!!!! Como isso mudou tanto, vocês devem saber: campanhas educativas e LEI RÍGIDA E SEVERA!!!!!! Vamos melhoras nossa sociedade, a criando realmente livre!!!!! Vamos reagir!!!!!!
Eles estâo preparando grande manifestação aqui em Campina Grande!!!!!
Felizmente, o projeto já foi aprovado na Câmara dos Deputados e está no Senado. Em lá sendo aprovado, considera-se certa a sua sanção pelo presidente, já que a luta contra a homofobia é compromisso do governo federal (veja programa Brasil de Homofobia).



Vejam o manifesto em:
http://www.vinacc.org.br/

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Primeiro quase confronto devido à homofobia!


Pois foi! De domingo pra segunda passada, dois amigos se beijaram de frente da Fava de Rose. Um pouco distante, vi uma galera zoar deles... Bêbo, me intrometi perguntando (gritando, na verdade) qual era o problema e coisa e tal... Quase que rolava briga!!!! Só sei que a galera chegou perto de mim e o cara desistiu, acho... Num sei nem se a galera dele era maior do que a minha...
Briga de rua?!?! Será este o destino de um pobre ativista que nunca brigou como eu?? Sei não... Será que se o Estado não age, a gente pode agir com as próprias mãos??? Ou é melhor esperar que a sociedade um dia "acorda" sem preconceitos hehehehehehehe babaquice gigante isto!!!! Mas também fico tentando pensar quantos direito foram conseguidos sem barulho e um pouco de sangue... Acho melhor voltar pra academia e pro boxe!!!!!!!

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Filme: Diamante de Sangue


DIAMANTE DE SANGUE (EUA, 2006)

Simplesmente obrigatório... E dizem q Hotel Ruanda (EUA/Itália/África do Sul, 2004) é muito melhor!!!! Já aluguei duas vezes, mas não deu tempo de assistir... Mas é muito bem recomendado!
Pra quem está aqui, longe destes conflitos, só assistindo e, às vezes, até alimentando eles, é um tapa na cara! Depois escrevo mais.